quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Gusmão, o ‘poeta catedrático’ 
           com cheiro Paçoarquense

(Vou hoje publicar um extenso trabalho/súmula sobre uma personalidade inigualável, que tem passado despercebido no panorama cultural Nacional; porquê? ‘On sais jamais’ !!!! Acontece que mostrar quem é gente com tal ‘estatura’, não é tarefa que se possa ‘aligeirar’, daí a extensão. 

Bardino exemplar, sempre atento ás coisas do mundo, e á causa de Paço de Arcos, ‘captou’ num dos últimos Expressos, o artigo a seguir reproduzido:


Escreveu o articulista:                                                               (aguerreiro@expresso.impresa.pt)

“No limiar deste texto, um aviso: o livro de Manuel Gusmão, que todos aqueles que se interessam pelas coisas da poesia são convidados a ler com carácter de urgência, faz-nos aceder a um pensamento sobre a palavra poética que age e reage à condição da derrota histórica da poesia, mas também da sua capacidade de alimentar as energias resistentes da época. Dissemos “pensamento” porque falar de poesia significa, neste livro, sublinhar o ponto em que na linguagem pode surgir a possibilidade de pensar, dissemos “derrota histórica”, mas não para omitir – sob pena de atraiçoarmos a tarefa a que esta obra se entrega, transmitindo-nos uma nada ligeira incumbência – que mesmo nessa derrota houve sempre um lado vitorioso; dissemos “época”, não para afirmar com simplismo que o nosso tempo não foi feito para a poesia, mas porque Manuel Gusmão nos leva a experimentar que esta não é própria de nenhum tempo e que a resistência ás usurpações é a sua mais insistente propriedade. Importa, pois, perceber que este livro, nalgumas das suas páginas essenciais, pertence a uma digníssima linhagem que ecoou, traduziu e readaptou o “wozu Dichter” de Hölderlin, a pergunta sobre a necessidadee a possibilidade da poesia em tempos que o poeta alemão chamou de indigência.
O título, “Tatuagem & Palimpsesto”, traz consigo uma dívida a “Paisagem e Povoamento”, o subtítulo de “Finisterra”, de Carlos de Oliveira, poeta em que Manuel Gusmão se detém na parte final di livro, dedicada a poetas portugueses modernos e contemporâneos: Cesário, Pessoa, Sophia, Cesariny, Herberto, Luisa Neto Jorge, Rui Belo, Gastão Cruz, Fernando Assis Pacheco. Mas,  para descrevermos o livro, devemos fazer referência a outros dois campos onde ele intervém e que se articulam recíprocamente; o primeiro é o de uma poetologia, isto é, o de uma teoria da poesia que, e múltima instância, gira em torno dos problemas do que ela é e do que ela faz, da sua forma e da sua força; o segundo é o do ensino da poesia, tendo como pano de fundo uma longa e triste história da sua evcuação dos programas escolares.
Sobre o que ela é; assim formulada, a questão convoca um perigo do qual Manuel Gusmão se desvia, nomeando-o com toda a clareza. Este perigo é o da essencialização e o da redução da pluralidade à unidade, pela qual os seus diferentes e ilimitados modos se veem absorvidos por uma entidade una e a poesia passa a coincidir consigo mesma. Ora, uma das mais veementes propostas de Manuel Gusmão é a da “improvável ontologia da poesia”, derivada deste facto: o poeta não inventa uma língua, ele só pode servir-se das “palavras dos outros” (Bakhtine). A partir de uma lìngua comum e de uma comum faculdade da linguagem, a poesia é a experiência que consiste em pôr a linguagem a funcionar, a repetir a sua origem, a expôr-se em “estado de nascimento” e como “origem perpétua”.
Esta formulação é de uma enorme importância: em primeiro lugar porque remete a poesia para a ordem do fazer (um fazer que se exerce sobre uma língua natural), e é radicalmente imersa nesse fazer (mais do que isso, é  apaixonada pelo seu fazer, tendendo sempre para a sua origem) que ela pode ser dita uma forma de pensamento e de conhecimento, em segundo lugar porque essa premissa de que a poesia não é algo separado da linguagem comum (ela seria mesmo, nas palavras de Meshonnic citadas a certa altura, “a linguagem mais carregada de comum”) permite a Manuel Gusmão fazer uma crítica da crença formalista de que é possível definir e determinar o poético ou o literário através de certas características linguístico-estruturais, tal como Jakobson fez ao conceber a literatura como um subsistema do sistema linguístico (de onde deriva a famigerada “função poética”). Ora, para além de obliterar ou suspender a historicidade da literatura, o formalismo de Jakobson é responsável pela ideia de que o subsistema da linguagem literária corresponderia a um desvio em relação ao sistema linguístico commum. Entendida como um desvio, passou a ser um empecilho para a escola, obcecada pela literacia e, por conseguinte, pelas competências que fazem apelo a uma norma linguística. E, neste campo, o livro de Manuel Gusmão trava uma luta que faz parte duma guerra que teve os seus desenvolvimentos nas últimas reformas  do ensino do português (mas, atenção, esta questão é aqui convocada a um nível muito mais elevado do ponto de vista teórico do que do discurso de pedagogos e linguístas convertidos á pragmática do ensino), sem se desviar dos seus axiomas e pressupostos teóricos.
Mas a recusa de todo o essencialismo e, portanto, a ideia de que o sentido da palavra “poesia” está constantemente a fazer-se abarca um largo espectro de questões. Antes de mais, uma conceção profundamente dialógica da poesia. Explícitamente referido e erguido como modelo é o dialogismo de Bakhtine, mas nalgumas formulações Manuel Gusmão parece também estar a pensar num grande texto poetológico do século XX, “O Meridiano”, onde Paul Celan, relendo Mandelstam, define o poema como um diálogo, caminho de uma voz em direção a um outro. Sabemos muito bem o que significa esta estrutura dialógica; uma demarcação relativamente à estética lírico-romântica que identifica a linguagem com a natureza e absorve toda a alteridade no Eu, num conceito de sujeito que é o do idealismo. E aqui reconhecemos perfeitamente o discurso de Gusmão sobre a poesia, o modo como a concebe habitada pelo problema da vizinhança íntima, complexa, conflituosa e sedutora com a filosofia. É isso que se diz no título tratadístico que encontra desenvolvimento nos capítulos: “Da poesia como razão apaixonada”. Trata-se de uma “razão” que, trazendo consigo um traço de infinitude da linguagem, perturba e ultrapassa a dimensão do conceito.

Pesquizei, curioso, e num ápice percebi que é apenas um dos muito ignorados desta terra, e dos milhentos proscritos (vá-se lá saber porquê) da intelitgencia  vigente. E  assim descobri coisas, extraordinárias deste poeta de eleição (entre outras actividades conexas), que me levará á inevitável transcrição de algumas peças divinais (digo eu), 

 
Torna-se irresistível transcrever oito poemas;

um

Quando me tiveres apagado, morto ou só feito

da matéria da memória, dança uma dança por nada

e debruça em arco o teu corpo sobre o poço da morte
sobre o corpo dividido e espalhado pela última praia”


                                           dois
Uma pedra na infância
Põe uma pedra                                                                                                                                                     uma pedra sobre a infância                                                                                                                         Para que de vez se cale essa respiração                                                                                                       contida suspensa no escuro                                                                                                                                Põe, digo-te, uma pedra de silêncio                                                                                                                   sobre essa infância essa fala ininterrupta                                                                                                                     essa falagem que falha e promete e inventa                                                                                                           os sonhos e as promessas e o riso sem porquê                                                                                            Para que de vez se interrompa a esperança esse                                                                                                                    mal que não desiste. Escreve, faz o que o ditado dita:                                                                                                Enterra no silêncio da pedra essa intolerável coisa                                                                                        que é a infância, as vozes da noite no poço.                                                                                                   Apaga a infância isso que falta sempre à chamada                                                                                                                  e para sempre trocou já os desejos e os medos.
                                            três
Já ali não estavas.
Quando te pedi já nunca tinhas existido;
nem eu nem a rocha na pequena praia onde estivéramos.
Depois foram todos os nomes do corpo:
eu tentava mas não conseguia reuni-los.
Ficariam como os pedaços daquele vaso que não se pode reconstruir todo
porque é menor que as suas partes.
E depois foram desaparecendo, levando-me o próprio nome e a fala do mundo.
Já não existiam nem eu existia já.
Já nunca tínhamos existido agora.


                                           quatro

A TERCEIRA MÃO DE CARLOS DE OLIVEIRA
i
A primeira mão escreve com o tempo e contra o tempo
a segunda reescreve o passado com o futuro e por todo o lado instaura o presente do fim
depois a terceira mão vem e escova e constela os tempos
ii
A primeira monta um cenário nocturno à espera da noite que virá.
A segunda traz a esse cenário a noite glaciar.
A terceira sobrepõe as noites e revela o seu povoamento comum:
luz eléctrica, papel intensificado, uma teoria da escrita, desolação.
iii
Uma segreda e comove-se no espelho tempestuoso.
Outra seca o saco lacrimal e deduz de si mesmo o movimento que faz a emoção:
A terceira contribui com o espelho das metamorfoses,
 a câmara que filma a dedução e enlouquece numa só letra.


                                           cinco

Este é o último livro, prometia como alguém que tivesse esquecido
que assim sempre tinha sido – aquele era o último                                                                         e depois que alguém viesse fechar a porta contra o som do mar.
- Pagava por jogar no escuro e por aqueles ardis já gastos
com que pensava e não pensava enganar a morte branca e vermelha.
- Ah e não esqueças: - deitar fora a chave
Canção como não morres
se é a morte que em ti sobe até à fonte do sangue,                                                                    até à flor do sal queimando os dedos;                                                                                                 até à boca que por te cantar se acende negra;                                                                           até à copa das árvores que distribuem o sol
sobre o corpo morto do amor amante e desamado?
Ou antes: de que morres, por que morres tu,                                                                        canção já sem voz, já sem o canto,
- já sem outro assunto de momento, me despeço de todos vós                                                              - quem falou agora?                                                                                                                     - Que importa quem falou?
- Que importa? Nada e nonada.                                                                                                     E, sim, tudo é tudo o que importa,                                                                                                    para quem veio mandado a que chamasses quem tivesse chamado.
Canção, o teu sopro é quente e têm sede os teus ventos,                                                         esses animais do ar que por mil tubos sopram no corpo-músico
a verdade que calcinou os amantes que já o veneno beijara até à flor do sangue.
depois, as palavras em que te perderas serão cinzas sobre o mar                                                    e espuma suja entre as rochas.                                                                                                         Que atraso ou afecto te prende ainda a esta margem
Por quem esperas tu canção ainda
agora
que já por todo o céu a terra nos esqueceu
Morresses, agora, canção
enquanto corres ainda pelo sangue de quem escuta                                                                            - e morrerias no fulgor último que ao fundo, no horizonte da linguagem,
da própria linguagem se afasta já,                                                                                                          e abandonando vai os seus bairros periféricos, despedindo-se
da tristeza dos migrantes derradeiros;
queimando página a página
os últimos barcos.


                                           seis

HAVIA SÉCULOS
            
Havia séculos
e eram florestas sobre florestas escritas.
O canto cantava: era o incêndio do vento
folheando a memória da terra essa maranha de raízes aéreas
que nasciam enterrando mais fundo as árvores anteriores;
essa teia nocturna de troncos e lianas, de ramos e folhas,
nervuras que os versos enervam irrespiráveis;

esse mapa em relevo lavrado pela paciência da luz
que atrasando-se recorta estas estranhas esculturas do tempo:
os poemas selvagens
o máximo excesso de uma rosa aquática e frágil
sempre a nascer desfiladeiros e falésias, fendas, quebradas, ravinas
vulcões que deflagram em écrans sucessivos

Havia séculos
e o cinema dos astros
acendia ampolas e bagas, campânulas, cápsulas, lâmpadas;
punha em música a infinita noite dos versos que longamente escutam
aqueles que muito antes ou muito depois vieram ou virão
até estes anfiteatros que os desertos invadem.

Havia séculos
e/atravessando as ruínas dessa terra quente,
as páginas de água dessa rosa alucinada/havia esse:
o comum de nós que dos seus se dividindo, verso a verso,
procura ainda alguém.
E assim era de novo o início.

A grande migração das imagens — havia séculos —
desde há muito começara, desde sempre, já.
E sem cessar migrávamos nós, inquietos e perdidos
sem paz e sem lei, sem amos nem destino.


                                          sete

morreremos repetidamente sobre esta praia, nas margens da luz.                                                              A rosa declina a sua autobiografia, obliquamente caindo                                                                                   sobre quilómetros e quilómetros de florestas insistentes,                                                                  sobre a sombria arquitectura desta terra longamente apaixonada,                                                           sobre a rosa que sobe até à aérea metalurgia das nuvens.


                                            oito

Revolução orbital: vai-se  a rosa transformando na coisa múltipla, amante e amada, na acção que assim a faz e nos acidentes mínimos – paisagens,
estações dos dias e das noites, dos anos da história.
Ondula no cérebro a fronteira que as margens da luz desenham.
E a rosa é uma hélice que vibra no ar que a respirar obriga(s):
torção dos pulmões, do tronco e do sexo, dos nomes
e dos vocativos que se respondem: como um coração que deflagra
a rosa faz do ar que te falta a terra de onde nasces
e o chão sobre que danças.


Personalidade duma aura e duma projecção únicas na sua actividade de eleição, e no panorama intelectual Nacional com a óbvia, natural e consequente projecção extra fronteiras, porquê este ostracismo?


Só vejo uma resposta coerente, o infeliz e habitual ainda vigente segregacionismo por “cores”. Triste Portugal!!!!!!!!!

Eis o que rezam as crónicas do reino:


Manuel Gusmão nasceu em Évora, em 11 de Dezembro de 1945.
Licenciou-se em Filologia Românica (1970) pela Universidade de Lisboa, com uma tese sobre o Fausto de Pessoa, publicada em 1986, e doutorou-se em Literatura Francesa, com uma tese sobre a poética de Francis Ponge (1987), ainda inédita.
É professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, desenvolvendo trabalho nas áreas da Literatura Portuguesa, Literatura Francesa e Teoria da Literatura.

Ainda jovem, esteve ligado à chamada Nova Crítica.




Pertenceu às redacções das revistas de literatura e arte O Tempo e o Modo e Letras e Artes, foi colaborador permanente do jornal Crítica, entre 1969 e 1971, e da revista Seara Nova.
Fundou as revistas Ariane (revue d'études littéraires françaises), que se publica desde 1982, e Dedalus, da Associação Portuguesa de Literatura Comparada (desde 1991).
É coordenador editorial da revista Vértice (Nova Série) desde 1988. Prefaciou obras de vários autores, como Maria Velho da Costa, Nuno Bragança, Gastão Cruz ou Almeida Faria.
Traduziu para português poemas de Olivier Cadiot, Christian Prigent e Francis Ponge. 

Como ensaísta, crítico e professor universitário, a obra de Manuel Gusmão associa o rigor do académico à sensibilidade de poeta, tanto nos ensaios publicados como em intervenções em sessões públicas. Destacam-se os ensaios que redigiu sobre duas figuras maiores da poesia portuguesa, Fernando Pessoa (ortónimo e heterónimos) e Carlos de Oliveira, que, tocando o essencial da vida e obra dos autores em vários níveis de profundidade, se permitem ser usados duplamente como ferramenta de trabalho ou de descoberta ociosa.

Manuel Gusmão tem, também, contribuído activamente para o debate público sobre a renovação do ensino da Literatura. 

A sua poesia, publicada apenas nos anos 90, foi sendo produzida desde os anos 60.

Estamos perante uma escrita meticulosamente cerebral («defendo que a poesia é também uma forma de pensamento»), que convoca toda a literatura, mas que a entrelaça quase invisivelmente com a veemência do que faz acontecer – um fluxo que, no interior de uma incessante intertextualidade e de uma arquitectura sintáctica e temática laboriosa, por vezes árdua, vai derramando ou justapondo até ao infinito imagens de uma extrema intensidade emotiva, física até.
As migrações, no título do seu último livro (2004), assumem com a intensidade do fogo um diálogo nem sempre explícito entre a poesia e todas as artes.
O autor afirmou, em entrevista ao JL (05/01/05), tentar «reinventar, sem esquecer os modos como as coisas ocorreram no tempo, uma poesia em que o lírico e o narrativo se possam cruzar e mutuamente contaminar.»
Mas foi através da escrita do libreto para a ópera Os Dias Levantados  (1998), sobre a Revolução de Abril, de António Pinho Vargas, que Manuel Gusmão pôde dar maior visibilidade a alguns dos pressupostos essenciais da sua escrita poética, nomeadamente a «pluralidade vocal» (ou «coralidade»), a poesia em homenagem à Poesia e a «deslinearização do tempo histórico».
 A escrita do libreto terá constituído um desafio, não apenas pela experiência de uma criação colectiva transdisciplinar mas, também, pelo confronto do autor com a própria memória de um evento que viveu intensamente, com «passionalidade ideo-verbal e ético-política».

Politicamente activo desde os tempos de estudante universitário, Manuel Gusmão é membro do Comité Central do Partido Comunista Português, foi deputado à Assembleia Constituinte (1975/1976), membro do Conselho da Comunicação Social e, em 2004, mandatário ao Parlamento Europeu.
Dirige desde o primeiro número (1996) a revista Caderno Vermelho, do Sector Intelectual da Organização Regional de Lisboa do PCP.

Ainda relativamente ao percurso académico de Manuel Gusmão, registe-se que deu cursos, conferências ou ciclos de conferências, sobre cultura, literatura portuguesa ou literatura francesa nas Universidades de Colónia, Lovaina, Bolonha, Paris III, Veneza, Autónoma de Barcelona e, no Rio de Janeiro, na Universidade Federal e na Pontífica Universidade Católica.

É, também, membro da Associação Internacional de Literatura Comparada e do Centro de Estudos Comparados, colaborador do Centro de Estudos de Teatro e fundador da Associação Portuguesa de Literatura Comparada e do GUELF (Grupo Universitário de Estudos de Literatura Francesa).
Tomou parte na organização de vários congressos, cursos e colóquios, entre os quais o Poesia & Ciência (Lisboa, 1992).
Colaborou no vol. 18 [A Revisionary History of Portuguese Literature] da Literary Theory / Peninsular and Latin American Studies (New York: Routledge/Garland Publishing, 2001).
Manuel Gusmão tem poemas publicados nas revista Página, de Stª Cruz de Tenerife, Canárias, e La Luna de Mérida nº.13, Dez. 2001 (traduções para castelhano), e colaboração dispersa por muitas outras publicações, tais como Di VersosHablar/Falar de poesiaInimigo RumorRelâmpago, Românica e Tabacaria.


Alguns poderão não associar o seu nome a Paço de Arcos.
Recordarão contudo uma família que morou (e mora a ‘matriarca’) na Praceta, em frente á entrada leste do Mercado, quase fazendo esquina com a Rua Costa Pinto.
A mãe era professora no Liceu Nacional de Oeiras, creio que o pai também leccionava (não em Oeiras), e tiveram há uns bons anos atrás um desgosto familiar que muito consternou, também toda a população de Paço de Arcos, pelo carinho e simpatia que nos mereciam, o qual foi a morte de um dos irmãos deste Manuel Gusmão, que cumpria serviço militar em Timor, vítima de um crocodilo (ou jacaré?).
Terão vindo de Évora para Paço de Arcos em meados da década de 60, talvez para que os filhos tivessem outro tipo de possibilidades em matéria de formação académica.

O grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho 2010 foi entregue ontem (algures em meados de Abril) em Vila Nova de Famalicão ao escritor Manuel Gusmão pela obra “Tatuagem Palimpsesto”.



PS – Ah! É verdade! Quase me esquecia; O Bardino ‘responsável’ foi o Helder Matins, um dos muitos Bardinos de rara capacidade e brilho intelectual. Desaproveitado por aqui.


PPS – Deixamos aqui alguns dos endereços onde poderão ser encontradas uma miríade de informações sobre este ilustrérrimo intelectual da nossa infeliz ‘praça’;













PPPS – Algumas Obras :


Ensaio e Antologia

A Poesia de Carlos de Oliveira (1981)
A Poesia de Alberto Caeiro (1986)
Poemas de Ricardo Reis (1992)
            
Poesia
Dois Sois, A Rosa - A Arquitectura do Mundo (1990/2001)
Mapas: o Assombro e a Sombra (1996)
Teatros do Tempo (1994-2000) (2001)
Os Dias Levantados (2002) (libreto para ópera de António Pinho Vargas)
Migrações do Fogo (2004)
Mapas o Assombro a Sombra (2005)
A Terceira Mão (2008)
Tatuagem e Palimpsesto
Finisterra (2009)
Uma razão dialógica (2011)


PPPPS: Uma palavra apareceu algumas vezes neste texto: PALIMPSESTO. Não sendo palavra vulgar, aqui fica o significado para os mais curiosos:
Palimpsesto (do grego antigo παλίμψηστος / palímpsêstos ou seja, "riscar de novo" (πάλιν, "de novo" e ψάω, "riscar") designa um pergaminho (ou papiro) cujo texto foi eliminado para permitir a reutilização.                                                                                                                Esta prática foi adoptada na Idade Média, sobretudo entre os séculos VII e XII, devido ao elevado custo do pergaminho. A eliminação do texto era feita através de lavagem ou, mais tarde, de raspagem com pedra-pomes.                                                                                         A reutilização do suporte de escrita conduziu à perda de inúmeros textos antigos, desde normas jurídicas em desuso a obras de pensadores gregos pré-cristãos.






2 comentários:

  1. Amigo Reigosa
    Bem vindo ás lides bloguistas, no meu primeiro comentário escolhi fazê-lo nesta mensagem por uma razão afectiva, de facto fui Amigo do Pai de Manuel Gusmão, e para além disso companheiros de pesca, actividade lúdica que ele gostava, acabou por comprar um barco que acabou por ser o nosso afastamento, mas sem zangas.
    Na sua vida profissional, era Inspector do Ministério da Educação Nacional
    Um abraço
    Virgilio Miranda

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  2. Desconhecia essa vossa amizade, mas pesca é algo que ainda vou fazendo esparsamente, mas sempre em Milfontes, onde gosto de estar.

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