Alguém
sabe o que havia antes dos TAP?
A C.T.A. - Companhia de Transportes Aéreos
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqmGvgMheVdT8tlSGmX1RnEn_3kmuRcoGoCVfIBPDmvtVOeSdkZDYpMCBOsW-5Ckn0o4kE4n7JhlHDsH5N7qePNf4dhH0GXncTLVQ5EJsaiktNYbasuWalCKrJZIaoVX_XCDZWDqM55Ms/s320/Simbolo+da+CTA.JPG]<https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqmGvgMheVdT8tlSGmX1RnEn_3kmuRcoGoCVfIBPDmvtVOeSdkZDYpMCBOsW-5Ckn0o4kE4n7JhlHDsH5N7qePNf4dhH0GXncTLVQ5EJsaiktNYbasuWalCKrJZIaoVX_XCDZWDqM55Ms/s1600/Simbolo+da+CTA.JPG>
Esta, é
provavelmente uma das companhias menos conhecidas e fala-das, que integrou
o Grupo CUF, até pela sua singularidade.
Quem é
que afinal sabia que a CUF teve uma companhia de aviação?
Arrisco
a dizer que certamente serão poucas pessoas as que sabem tal facto, provando
mais uma vez o pioneirismo da CUF em muitos sectores, até mesmo o da
aviação.
Pois
bem, essa é a interessante e curiosa história que hoje aqui vos trago.
A 19 de
Julho de 1945, a Sociedade Continental de Transportes Aéreos, é transformada
na C.T.A. com o objectivo de explorar linhas aéreas no território
nacional ou fora dele.
Aquando
da sua fundação o capital desta sociedade era de 5.000 contos, subscrito
e divido pelos seguintes accionistas:
- Daun
& Bleck, Limitada, 500.000$
-
Carlos Eduardo Bleck, 250.000$
- D.
José de Saldanha, 250.000$
-
Manuel Augusto José de Mello, 300.000$
-
Sociedade Geral de Comércio, Industria e Transportes Limitada, 2.000.000$
- José
Inácio Castel-Branco, 100.000$
- Dr.
Luiz Albuquerque de Sousa Lara, 300.000$
- Sousa
Lara & Filhos Limitada, 500.000$
-
Fernando Enes Ulrich, 100.000$
- Dr.
António Garcês, 100.000$
- António
de Sommer Champalimaud, 200.000$
- Dr.
José de Sousa e Melo, 200.000$
- João
Maria José de Mello, 100.000$
- Dr.
Alvaro Belo Pereira, 100.000$
Como se
pode ver pela lista atrás apresentada, vamos nela encontrar nomes sonantes
da economia nacional, como António Champalimaud, a família Sousa Lara
que detinha grandes investimentos no Ultramar, ou os Ulrich ligados a diversos
interesses económicos.
A
maioria do Capital accionista (2.300.000$)é detida pela Sociedade Geral e
Manuel de Mello, colocando assim esta Holding da CUF no comando desta nova
empresa.
Será no
dia 2 de Dezembro de 1945 (4 meses após a constituição desta sociedade)
era oficialmente inaugurada pelo Presidente da República Óscar Carmona
e demais membros do Governo a carreira Lisboa-Porto-Lisboa.
Apresenta
nesse mesmo ano a filiação na I.A.T.A. (International Air
Transport
Association, que ainda hoje é a mais alta autoridade
internacional
do transporte aéreo) sendo esta aceite.
A sua
frota era constituída por um Percival Proctor
e por
três bimotores DeHavillandDH-89
Cujas matriculas
eram as seguintes: CS-ADI, CS-ADJ e CS-ADK, todos adquiridos
na Inglaterra.
Posteriormente
um destes bimotores foi adquirido pela Aeronáutica Militar em 1950, podendo ser
vista hoje no Museu do Ar em Alverca.
Mais
tarde são ainda adquiridos à Força Área dos Estados Unidos dois Douglas C-47A
(CS-TDX
e CS-TDZ) sendo a sua adaptação aviação civil sido feita por pessoal das
Oficinas Metalomecânicas da CUF.
A
C.T.A. vai construir toda uma infra-estrutura de apoio as suas rotas aéreas,
para isso constrói hangares privativos nos Aeroportos de Lisboa e Porto, com
oficinas , armazéns, operações de voo, equipamento de rádio, salas de pessoal
navegante, cantinas etc.
Por
essa altura o pessoal ao serviço da C.T.A. deveria de rondar o número de 70
pessoas, numero que teria tendências a subir com a expansão da Companhia.
Havia
já planos de expansão delineados por fases, em 1946 o objectivo seria inaugurar
uma carreira Lisboa-Madrid com um serviço diário, pedindo autorização para tal
ao Governo, sendo esta recusada, ficando outros projectos na gaveta, como as
Linhas Internacionais no Continente Europeu, e obviamente aquilo que então se
designava pelas Linhas Imperiais de modo de ligar a Metrópole com as principais
cidades do seu Ultramar.
Para
essa expansão tinha já a C.T.A. pensado adquirir 4 Douglas DC-4 "Skymaster"
e
também Douglas DC-6
aviões
já de grande capacidade e com maior alcance aéreo.
Podemos
dizer que á C.T.A. de certa maneira foram cortadas as pernas.
Devido
à politica do Governo, e de homens como o sobejamente conhecido Secretário
da Aeronáutica Civil Humberto Delgado, preferiu-se reorganizar o Transporte
Aéreo em Portugal, chamando ás Autoridades tais responsabilidades, preferindo
deixar cair a C.T.A. (talvez por esta estar nas mãos de privados) e criar assim
os Transportes Aereos Portugueses (T.A.P.) cuja metade do capital accionista
estava nas mãos do Estado sendo o restante subscrito por privados.
A linha
Lisboa-Porto-Lisboa é suspensa em 1947, e a C.T.A. seria liquidada definitivamente
em 1949.
E desta
efémera e interessante história falta apresentar um interessante e raro lote de
documentos respeitantes a esta empresa, isto porque uma tal Madame Silva (que é
como está escrito no bilhete) que na época tinha 23 anos, guardou tais
documentos, talvez como recordação, e assim chegaram ás minhas mãos, sendo um
testemunho da breve história da C.T.A.
Para
ver em detalhe basta clicar nas imagens para ver em tamanho ampliado.
A Capa
do Mapa com a Viagem a ser efectuada pelo avião
Contracapa
do Mapa
Mapa da
Viagem
Capa do
Bilhete
Talões
do Bilhete
Custo
do Bilhete (303 escudos em 1946)
Talão
de Bagagem (frente)
Talão
de Bagagem (verso)
Esta
senhora que viajou para o Porto, fez um Seguro Pessoal de Transportes Aéreos, e
qual seria a companhia? Só podia ser a Império claro!
Sendo
também ela pioneira neste tipo de seguros, o custo do mesmo, já com todas as
despesas incluídas, era de 20 escudos.
Aqui
fica o envelope enviado pela C.T.A. com a respectiva apólice e o
cartão
de cumprimentos da seguradora:
Apólice
(frente)
Apólice
(verso)
Cartão
de Cumprimentos
Bibliografia:
-
Estatutos da C.T.A.
-
Relatórios de Contas da C.T.A.
-
Boletim da C.T.A. (1946)
-
História da Aviação Civil em Portugal
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